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    A utilidade do ROTEM na diferenciação das causas de hemorragias

    21/11/23 | Médicos Veterinários

    A técnica de tromboelastometria, que é mais popularmente conhecida na veterinária do Brasil como ROTEM, é uma avaliação da viscoelasticidade sanguínea. A tromboelastometria permite avaliar a capacidade do sangue em formar coágulo bem como dissolver esse coágulo.

    Há alguns testes na rotina laboratorial veterinária que são capazes de avaliar componentes isolados da coagulação de cães e gatos, no entanto, é apenas o ROTEM que apresenta a capacidade de avaliar a coagulação por meio da interação de todos os componentes juntos que participam da coagulação, sendo desde o início do estímulo que impulsiona a formação do trombo até os componentes que causam a quebra dele.

    A relevância de ter o ROTEM disponível na rotina veterinária é poder triar com mais rapidez e em um único teste qual elemento da coagulação apresenta disfunção. E considerando um caso em que temos um paciente com sangramento ou hemorragia se faz necessário entender se a disfunção é em plaquetas, dentre os fatores de coagulação ou na estabilização do coágulo.

    Para responder de maneira rápida e segura é que o ROTEM tem sido implantado cada vez mais na rotina veterinária pois em poucas horas consegue-se ter um resultado que permite atuar de maneira mais acertada na condução do caso sem gerar manejos ou até mesmo gastos desnecessários.

    Parâmetros do ROTEM na avaliação viscoelástica do sangue

    Tempo de coagulação (CT) é o tempo desde o início da medição, com o estímulo que impulsiona a coagulação da amostra de sangue, até o início da formação do coágulo. Envolve a ativação dos fatores de coagulação, a consequente geração de trombina e vai até o início da polimerização da fibrina no coágulo;

    Tempo de formação do coágulo (CFT) é o tempo decorrido entre o início da formação do coágulo, quando é detectada a primeira contribuição das plaquetas juntamente com polimerização da fibrina, influenciada pelos níveis de fibrinogênio;

    Ângulo alpha é a angulação descrita pelo estado de coagulabilidade do paciente. Quanto menor ou mais agudo for o ângulo, mais reduzida está a formação do coágulo no paciente e podemos considerar uma condição de hipocoagulabilidade. Quanto maior for o ângulo ou mais obtuso, mais rapidez o paciente apresenta na formação de coágulo e que é considerado uma maior tendência à hipercoagulabilidade;

    Firmeza máxima do coágulo (MCF) é o aumento da estabilização do coágulo pela polimerização de fibrina e ação das plaquetas, assim como da atuação do Fator XIII que também contribui na estabilização da fibrina polimerizada;

    Lise máxima (ML) é a redução da firmeza do coágulo após o estágio que se atingiu sua firmeza máxima, está relacionado com a quebra do coágulo ou fibrinólise contabilizado após 1 hora do início do estímulo de formação do coágulo avaliado pelo teste.

    Causas de sangramento detectadas pelo ROTEM em cães e gatos

    Trombocitopenia ou trombocitopatia: quando falamos de número de plaquetas podemos em algum grau inferir a sua habilidade de função, como é o que fazemos ao avaliar a contagem de plaquetas no hemograma na rotina laboratorial veterinária. No entanto, a capacidade de função não é tão linear e diretamente proporcional aos valores numéricos. Há casos em que mesmo em número dentro da normalidade para a espécie pode haver alguma alteração de funcionalidade como é o caso em trombocitopatias, ou seja, disfunção que nas hemorragias indicam uma redução na capacidade de contribuir para a formação do coágulo. Essas alterações plaquetárias vão causar principalmente um prolongamento do tempo de formação do coágulo (CFT), com uma redução na firmeza desse coágulo (MCF) e consequentemente um ângulo alfa reduzido.

    Deficiência de fatores de coagulação: quando falamos de deficiência de fatores de coagulação vamos precisar entender onde cada um atua. Deficiências de fatores X, V, VII, IX, VIII, XI, XII serão avaliados no tempo de coagulação (CT) do ROTEM e promoverão o prolongamento nesse parâmetro de acordo com a intensidade de sua deficiência.

    Deficiência de fibrinogênio: quando avaliar a funcionalidade do fibrinogênio iremos considerar a sua participação depois que se inicia a formação do coágulo. Assim, a sua deficiência irá promover o prolongamento do tempo de formação do coágulo (CFT), uma redução na firmeza máxima do coágulo (MCF) e consequentemente uma redução no ângulo alfa. Uma deficiência que mimetiza essa condição é a trombocitopenia ou trombocitopatia e também a deficiência do fator XIII, que é o responsável pela estabilização da polimerização da fibrina no coágulo.

    Hiperfibrinólise: o aumento da quebra do coágulo promove a instabilidade da geração desse coágulo e consequentemente o sangramento. O aumento dessa atividade ocorre pelo aumento da atividade da plasmina, proteína responsável por fazer a clivagem dos polímeros de fibrina que promovem a estabilização do coágulo. Nesse tipo de alteração, vamos apresentar inicialmente um aumento na lise máxima (ML) do coágulo.

    Com carinho e dedicação,

    Dra. Camila Thomazini
    Doutora em Ciências Médicas
    Hematologista e Patologista Clínica Veterinária